segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

O Quarto Caminho - Lições de Gurdjieff

É um sistema cosmológico e psicológico elaborado por dois pensadores russos no início do século XX: G. Gurdjieff e P. Ouspensky, cujas raízes procedem das antigas tradições e ensinamentos orientais. Os principais elementos da escola do quarto caminho são a CONSCIÊNCIA e a AUTO-LEMBRANÇA.

É um caminho de auto-desenvolvimento, uma maneira de aprender sobre nós mesmos e de mudarmos a nós mesmos. E, esperançosamente, um caminho para Deus ou o que quer que seja após esta vida.

O nome "quarto" caminho implica que existem três outros caminhos:

• O "primeiro caminho" refere-se aos sistemas ou métodos que são principalmente físicos, o caminho do domínio do corpo físico; é o chamado "caminho do faquir".

• O "segundo caminho" para aqueles que são principalmente emocionais, é a via da devoção, do sacrifício religioso e da fé; é o "caminho do monge".

• O "terceiro caminho" para àqueles que são intelectuais, é a via do conhecimento; o "caminho do iogue".

• O "quarto caminho" é uma combinação de todos estes caminhos, são para os que querem permanecer no mundo, sem pertencer ao mundo, para os que buscam um estado de consciência mais elevado. Gurdjieff, assim como o Buda, afirma que a maioria das pessoas estão "adormecidas", vivendo uma vida de reação automática a estímulos externos. O caminho para a libertação, para o "despertar", não está nas noções convencionais de vida virtuosa, mas num programa intencional de autotransformação.

A linha de trabalho difundida por Gurdjieff é conhecida como o QUARTO CAMINHO, provavelmente é o caminho mais difícil a ser seguido, uma vez que nos é imposto praticá-lo em meio a vida cotidiana - no dia-a-dia, sem renunciar ao mundo. No Quarto Caminho é importante manter uma relação ativa e direta de comprometimento com as circunstâncias variáveis da vida, que nunca são fixas e habituais. Deve-se ter capacidade de adaptação às diferentes condições da vida pondo em prática todos os conhecimentos do Trabalho Em Si.

AUTO-OBSERVAÇÃO e LEMBRANÇA DE SI são chaves para a evolução neste caminho. O homem do Quarto Caminho deve estar conectado, sintonizado com a vida. Deve realmente compreender o significado de ESTAR NO MUNDO SEM SER DO MUNDO. Deve entender que o melhor caminho é o caminho do meio, do centramento, do alinhamento dos centros (físico, energético, emocional e intelectual), da harmonização entre o interno e o externo, e aceitar o convite para o verdadeiro DESPERTAR, permitindo assim a manifestação do EU SUPERIOR.

LEMBRAÇA DE SI MESMO
A auto-lembrança é um estado de consciência no qual estamos atentos ao que estamos fazendo. Usualmente esquecemos de nós mesmos. Ficamos absorvidos pelo que estamos fazendo. Por exemplo, entramos no nosso carro e damos a partida, então, esquecemos de nós mesmos, (talvez relembrando algum acontecimento passado). Somente quando já estamos em casa é que nos lembramos de nós mesmos novamente. Você "descobre" então que esteve "dormindo" enquanto dirigia para casa. A auto-lembrança não é uma atitude intelectual, mas uma maneira de ser nós mesmos, de observação de nós mesmos. A auto-lembrança é freqüentemente acompanhada de um sentimento de estranheza, como se estivéssemos vendo as coisas pela primeira vez. A auto-lembrança é importante no quarto caminho porque é uma modo de romper o ciclo mecânico no qual vivemos. Uma das máximas da auto- lembrança é: "Onde quer que se esteja, o que quer que se faça, lembrar-se da própria presença e reparar sempre no que se faz". A consciência objetiva é a meta, a culminância da auto-lembrança.

Um dos principais objetivos do "trabalho" é a mudança do nosso "nível de ser" através do autoconhecimento. Sem autoconhecimento não podemos ter metas sobre nós mesmos em relação a mudança de nosso ser. O verdadeiro autoconhecimento é diferente das idéias e quadros imaginários que fazemos a respeito de nós mesmos e só pode surgir através de muita auto-observação pessoal. Isso significa que temos que ver como falamos, agimos, quando temos emoções negativas, quando e com que estamos nos identificando, quando mentimos e também, conhecer nossas formas particulares de imaginação.

Resumindo: temos que observar as coisas que nos mantêm "adormecidos" e nos impedem de "acordar". Despertar do sono é o mais alto objetivo do "trabalho" no Quarto Caminho. Só o homem desperto é senhor de si mesmo.

PARA REFLETIR
“O primeiro traço característico dos grupos, seu traço mais essencial, que estes não são constituídos de acordo com o desejo ou preferências de seus membros”. Os grupos são constituídos pelo Mestre, que do ponto de vista de suas próprias metas, escolhe os tipos de homens capazes de se tornarem úteis uns aos outros. NENHUM TRABALHO DE GRUPO É POSSÍVEL SEM UM MESTRE. E o trabalho de grupo sob um mau mestre só pode produzir resultados negativos.

O segundo traço importante do trabalho dos grupos é que estes podem estar em relação COM ALGUMA META DAS QUAIS OS QUE COMEÇAM O TRABALHO NÃO PODERIAM FAZER A MÍNIMA IDÉIA E ESTA NÃO LHES PODE SER EXPLICADA ANTES QUE TENHAM COMPREENDIDO A ESSÊNCIA, OS PRINCÍPIOS DO TRABALHO E TODAS AS IDÉIAS QUE A ELE ESTÃO LIGADAS. Mas a meta em direção à qual vão e a que servem sem conhecer é o princípio de equilíbrio sem o qual seu trabalho não poderia existir.

A PRIMEIRA TAREFA É COMPREENDER ESSA META, ISTO É A META DO MESTRE. Quando tiverem compreendido essa meta - embora, no início, isto só possa ser feito parcialmente - seu próprio trabalho tornar-se-á mais consciente e, por conseguinte, poderá dar melhores resultados. Mas, como já disse, acontece muitas vezes que a meta do Mestre não pode ser explicada no início.

(Extraído de: "Fragmentos de Um Ensinamento Desconhecido", P. D. Ouspensky)

domingo, 12 de dezembro de 2010

O que é Eneagrama?

O Eneagrama (do grego Ennea = nove e grammos = figura ou desenho) é um antigo sistema de sabedoria, criado há cerca de 2500 anos (autores situam sua origem entre 3.500 e 2.000 anos atrás), provavelmente no Egito. Seu conhecimento foi mantido sigiloso durante muitos séculos.
Este sistema descreve a queda e a ascensão possível da consciência humana, segundo nove padrões. Mais especificamente, descreve como, segundo nove padrões, a perda de virtudes humanas gera paixões ou vícios emocionais; como a perda de Idéias Superiores cria fixações mentais; e como a perda do Instinto Puro leva à construção de estratégias instintivas de sobrevivência em três âmbitos: auto-preservação, social e sexual (chamados de subtipos ou variantes instintivas, conforme o autor).

De acordo com o eneagrama, todos nós temos um pouco de cada uma delas, de acordo com a situação. Entretanto, cada um de nós escolheu e desenvolveu uma delas como espada. Cada pessoa, assim, pode possuir traços dos nove pontos do Eneagrama, mas possui apenas um Tipo, que não muda. Existe, entretanto, evolução dentro de cada Tipo, em seus diferentes níveis de desenvolvimento e consciência.

Muitas pessoas que conhecem o Eneagrama concluem que ele é um sistema altamente profundo e preciso na descrição de comportamentos humanos. Mais do que uma tipologia, o Eneagrama é um mapa que mostra caminhos possíveis da evolução de nossa consciência, ou seja, da superação da paixão e da fixação de nosso tipo no Eneagrama.

Com o tempo, o Eneagrama vem se tornando mais conhecido por muitas pessoas e aplicado com sucesso por pessoas, grupos e importantes organizações. Quando bem aplicado, este sistema promove aceitação própria e aceitação mútua e orienta pessoas em seus caminhos de desenvolvimento pessoal, profissional e espiritual.

Existem inúmeros testes de Eneagrama formulados por diferentes autores, os quais traçam uma hipótese inicial do tipo. A maior parte das “escolas” de Eneagrama entendem que a identificação do tipo deve ser feita pela própria pessoa, a partir de exercícios de auto-observação.

O eneagrama foi uma idéia originalmente trazida por G. Gurdjieff para o Ocidente (principalmente França e Alemanha), após 20 anos de peregrinação pelo Oriente. Mais que trazer uma visão dos tipos humanos representa um esquema para a compreensão de todos os fenômenos envolvendo a humanidade. Em 1970, o Eneagrama foi transmitido por Oscar Ichazo para um grupo de pessoas recrutadas principalmente pelo Psiquiatra Chileno Claudio Naranjo e reunidas na cidade de Arica, no Chile. Claudio Naranjo e outros participantes deste grupo transmitiram este conhecimento para outras pessoas nos Estados Unidos e em centros específicos da América do Sul. Diversos estudos e escolas de Eneagrama surgiram e passaram a explorar este conhecimento antigo e desenvolvendo aplicações bem sucedidas na Psicologia, na Espiritualidade, no mundo dos negócios, nas artes e em diversos outros campos do conhecimento.